quinta-feira, 14 de março de 2013

Técnicos vs Entrenadores


Há poucas semanas atrás, li alguns comentários em blogs e redes sociais, criticando a contratação de técnicos estrangeiros para dirigir clubes brasileiros, e declarando que torceria contra estes times. A justificativa é a aparente desvalorização dos treinadores brasileiros em relação aos de outros países. Precisamos buscar um meio termo entre os sentimentos de xenofobia e colonização. É chato saber que um conhecido perdeu o emprego para um estrangeiro. Mas será que ficaríamos aliviados se ele tivesse perdido o cargo para outro brasileiro? Qual o mal que nos faz ter treinadores estrangeiros em nossos clubes? Será que não há nada a aprender com estes profissionais?

O basquetebol brasileiro passou três ciclos olímpicos (2000, 2004 e 2008) assistindo os Jogos pela TV. E quando voltamos em 2012, foi sob o comando de um argentino (Rubén Magnano), que por sinal, substituiu um espanhol (Moncho Monsalve). Ao longo dos anos recentes, diversos atletas de clubes brasileiros se acostumaram a ouvir instruções em outra língua que não a portuguesa. Atualmente duas equipes do NBB possuem técnicos espanhóis. E já tivemos argentinos, uruguaios e porto-riquenhos na função. Nos faltam cursos de formação ou de aprimoramento para técnicos no Brasil. A Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol foi um bom projeto, mas parece ter sido esquecido e perdido seu rumo. Clínicas e oficinas ministradas por treinadores brasileiros em geral são direcionadas à iniciação esportiva (mesmo quando quem as ministra não trabalha na iniciação, e sim no alto nível). Nossos treinadores não têm o hábito (infelizmente) de escrever livros. Ou seja, de que maneira será viável o aprendizado e a formação de novos treinadores, e a atualização daqueles que já estão plenamente engajados no ofício?

Alguns de nossos profissionais buscam uma formação continuada no além-mar, visitando centros de treinamento e fazendo cursos de técnico na Europa e EUA. Não seria mais barato e acessível aproveitar a longa estadia de um treinador estrangeiro para observar atentamente sua maneira de trabalhar? Penso que esta é uma oportunidade interessante para nossos treinadores (iniciantes ou experientes). A direção da equipe não se limita a definir o time titular, os tipos de defesa e as jogadas ensaiadas. Há muito mais por trás disso. Estilo de liderança, opções estratégicas, determinação de posturas, atitudes e normas de deslocamentos tanto na defesa como no ataque, são informações vitais para compor um sistema tático. Quem os acompanhar mais de perto, poderá aprender outros exercícios e métodos de treinamento.

Será que em nosso almoxarifado de informações não há espaço para novidades? Será que estas nem mesmo existem?  Temos treinadores de alto gabarito, vários deles eventualmente fora das vitrines. Por isso, não acho que devemos substituir todos. Mas também não vejo com maus olhos que de tempos em tempos se quebre a homeostase e se veja as coisas com outros olhos, sotaques e línguas.