Por Luiz Eduardo M. Gois Jr
Como já foi dito no texto
"Progressão Pedagógica no Basquetebol" o basquete dever ser ensinado
respeitando as faixas etárias dos alunos, apresentando novos elementos a cada
ano e tornando o aprendizado cumulativo. Em outro texto, “E Agora o Que Eu Faço”, comentamos que o jogador de basquetebol é obrigado a tomar decisões em
curto espaço de tempo. Portanto ensinar o “por que fazer” deve fazer parte do
conteúdo programático de ensino do basquete desde primeiras fases de
aprendizagem e deve ser mais importante do que simplesmente ensinar o “como
fazer”.
Em alguns Estados brasileiros os
clubes não participam do processo de formação de atletas e equipes, cuja
responsabilidade passa a ser exclusivamente das escolas. Nestas praças os campeonatos
escolares têm relativamente bom espaço na mídia, o que acaba tornando-os um
meio de fazer propaganda das escolas. E para isso, os resultados expressos na
forma de títulos e medalhas, são os principais objetivos das escolas e
consequentemente dos professores. Essa busca por este tipo de resultado nas
divisões de base gera problemas que deveriam ser evitados. Essa pressão por
resultados faz com que os professores queimem etapas e às vezes utilizem abordagens
metodológicas que não são adequadas para determinadas etapas de ensino da
modalidade.
E quais são as metodologias
usadas no ensino dos esportes? Existem duas principais, a metodologia
tradicional, que é aquela que se preocupa com o ensino dos fundamentos fora do
contexto do jogo, ou seja, apenas pela repetição do gesto. Exemplo, o ensino do
passe utilizando duas colunas uma de frente para o outro passando a bola, excluindo
um dos elementos principais da modalidade que é a oposição, o que vai acabar
omitindo também as tomadas de decisão, as percepções das diferentes situações,
etc.
Nessa metodologia é ensinado ao aluno apenas o “como fazer” e deixando de
lado o entendimento do jogo, o “por que fazer”. Que pode ser ensinado
utilizando a metodologia situacional, que tem como característica principal a
utilização de situações de jogo. Exemplo, jogos de 1x1, 2x2, 3x3, nesse caso
não existe a exclusão da oposição, além disso, vai estimular a capacidade de
percepção e de tomar decisões dos jogadores. Fazendo uma analogia ao cotidiano,
na metodologia tradicional o professor leva o aluno para um restaurante e determina
qual o prato que ele tem que comer, já a situacional o professor mostra o
cardápio para o aluno escolher o melhor prato. Ele pode até escolher errado e
não vai gostar do prato, mas na próxima vez ele saberá que aquela opção não é a
melhor e vai saber por que escolher um prato diferente.
O que acontece quando o principal
objetivo do professor é ser campeão e não formar jogadores eles acabam
utilizando apenas a metodologia tradicional, principalmente porque o resultado
acontece mais rapidamente. Quando o professor está preocupado em formar um
jogador ele utiliza as situações de jogo, trabalhando o entendimento da
modalidade com seus alunos. A “desvantagem” desse método é o que o resultado só
vem a longo prazo, o processo nessa metodologia é mais demorado e muitos
professores não tem paciência para utilizá-lo.
Portanto, nas etapas de formação
de atletas, é importante que os professores tenham uma visão a longo prazo e
pensem na formação do jogador para que ele possa ser campeão no futuro e não
apenas campeão mirim dos jogos escolares do ano corrente. E para isso dê ao
aluno um cardápio para ele escolher o prato e não diga apenas o prato que ele
deve comer.