Já escrevi por
aqui que o técnico (ou treinador esportivo) deve ser um catalisador de
performance, buscando meios e métodos para que seus atletas alcancem o máximo
do rendimento individual e coletivo. A função do treinador é dotada de um elevado
grau de complexidade, embora nem sempre seja percebido. Se você não compreende
esta situação por este ângulo, passa a crer que o papel do técnico é
simplesmente definir uma plataforma tática (que tipo de defesa, por exemplo) e “não
atrapalhar” o rendimento do time. E isso está longe de ser verdade.
O treinador
idealmente deve participar da montagem do elenco (da mesma forma em que um
diretor de teatro faz antes de um espetáculo), selecionando os atletas que
formarão a equipe para aquela temporada. Este processo de seleção passa pela
compreensão de que as “peças do quebra-cabeça” precisam fazer sentido quando
estiverem juntas. Nem sempre, o simples fato de agrupar grandes talentos ao
mesmo tempo cria um grande time.
Ao longo da
temporada, o treinador precisa gerenciar as diferentes personalidades presentes
no grupo, precisa saber motivar os reservas, precisa saber corrigir e aperfeiçoar
os jogadores, e até mais importante que isso, saber como ter acesso à correção
destes jogadores. Não se iluda, pois até mesmo estrelas da NBA apresentam
falhas graves de fundamentos. Porém, um treinador atento e capacitado, consegue
convencer este atleta da necessidade de melhora.
Então, que
indicadores devem ser aplicados para definir a qualidade de um técnico? Será
que os títulos e demais conquistas ou o percentual de vitórias ao longo da
carreira? Será o carisma? Eric Spoelstra do Miami Heat é bastante criticado por
não ser carismático. Mas o time da Flórida tem apresentado a cada jogo destes play-offs um sistema defensivo mais e
mais consistente e variado, ajustando-se ao estilo ofensivo de seus adversários
(foi assim contra Boston Celtics e agora contra Oklahoma City Thunder). E apesar
da habilidade em resolução de problemas, nem assim o consideram um bom técnico.
Existem
críticos que ainda insistem em dizer que “há times cujos jogadores não precisam
de técnico, jogam sozinhos”. Podem ganhar alguns jogos, mas não ganham
campeonatos. Tem muito mais saberes necessários a um treinador que a mera escolha
da defesa ou das jogadas ensaiadas no comando de um equipe. E os treinadores
que não entenderem isso estarão dando razão aos críticos.
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