Não existe
padronização nos cursos de formação de profissionais de arbitragem no basquete.
Os cursos podem ter duração de um fim de semana até três meses, dependendo da
Federação que o organize. Penso que os cursos de curta duração tendem a
simplesmente fazer com que atletas migrem para a função da arbitragem. Convenhamos,
não é possível formar um novo árbitro que não tenha sido jogador em apenas um
fim de semana. Essa estratégia, embora encurte caminhos, faz, paralelamente,
com que o universo de pessoas envolvidas na modalidade fique reduzido.
Para que o
árbitro aprimore seu desempenho é preciso ter a oportunidade de trabalhar muito
(ou seja, apitar muitos jogos) e vivenciar o máximo possível de situações sobre
as quais precisam tomar decisões rápidas. Jogos muito desequilibrados (mais de
25 pontos de diferença no placar) tendem a fazer com que a atenção e
concentração do árbitro fiquem diminuídas. Assim, os erros de arbitragem tornam-se
mais comuns, porém sem prejuízo no resultado final da partida. Desta forma,
parece que a responsabilidade do árbitro também diminui. O que não é verdade.
Outra questão diz
respeito à progressão profissional do árbitro, pois também não existe um padrão
para isso. Lembro-me que nos anos 1990 no Rio de Janeiro, após terminar o
curso, o aluno virava estagiário e precisava apitar cerca de 20 jogos neste
período. Após o estágio, tornava-se árbitro regional de 3ª categoria. Tempos
depois, podia solicitar a progressão para 2ª categoria, e finalmente a 1ª categoria
regional. Finalizado este longo período, o árbitro poderia então fazer prova
para a categoria nacional, o que abriria possibilidades para participar de
campeonatos além do âmbito estadual. Ou seja, a quantidade de jogos apitados e
o tempo na profissão eram fatores expressivos para sua progressão.
Alguns
árbitros, porém encurtam caminho. A depender da Federação, é possível que um
ano após o curso o árbitro já atinja a categoria nacional. Temo por essa
aceleração da progressão, pois a falta de experiência do árbitro até atingir
este nível pode trazer prejuízos nos futuro. Nos Estados em que os jogos equilibrados
são uma raridade, podemos questionar em que condições estes árbitros estão se
preparando para campeonatos mais abrangentes.
Um outro
aspecto que merece atenção é a motivação para seguir na carreira. A maioria dos
árbitros internacionais cadastrados na CBB atualmente é das regiões sul e
sudeste. Portanto, parece que a chance de um árbitro de Sergipe, Rondônia,
Tocantins ou Mato Grosso do Sul, por exemplo, alcançar o nível internacional é
relativamente pequena. Por isso, a progressão nestes e em outros Estados deveria
ser mais lenta, evitando que os árbitros chegassem ao topo da carreira
precocemente. Somos motivados pela possibilidade de crescer, mas se fica
estabelecida esta inviabilidade, a tendência à estagnação pode fazer emergir a
síndrome de burn out no árbitro e seu
rendimento ficará comprometido.
O basquete
brasileiro precisa cuidar de seus árbitros!
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