sexta-feira, 15 de junho de 2012

Arbitragem Brasileira: formação e progressão profissional


Não existe padronização nos cursos de formação de profissionais de arbitragem no basquete. Os cursos podem ter duração de um fim de semana até três meses, dependendo da Federação que o organize. Penso que os cursos de curta duração tendem a simplesmente fazer com que atletas migrem para a função da arbitragem. Convenhamos, não é possível formar um novo árbitro que não tenha sido jogador em apenas um fim de semana. Essa estratégia, embora encurte caminhos, faz, paralelamente, com que o universo de pessoas envolvidas na modalidade fique reduzido.

Para que o árbitro aprimore seu desempenho é preciso ter a oportunidade de trabalhar muito (ou seja, apitar muitos jogos) e vivenciar o máximo possível de situações sobre as quais precisam tomar decisões rápidas. Jogos muito desequilibrados (mais de 25 pontos de diferença no placar) tendem a fazer com que a atenção e concentração do árbitro fiquem diminuídas. Assim, os erros de arbitragem tornam-se mais comuns, porém sem prejuízo no resultado final da partida. Desta forma, parece que a responsabilidade do árbitro também diminui. O que não é verdade.

Outra questão diz respeito à progressão profissional do árbitro, pois também não existe um padrão para isso. Lembro-me que nos anos 1990 no Rio de Janeiro, após terminar o curso, o aluno virava estagiário e precisava apitar cerca de 20 jogos neste período. Após o estágio, tornava-se árbitro regional de 3ª categoria. Tempos depois, podia solicitar a progressão para 2ª categoria, e finalmente a 1ª categoria regional. Finalizado este longo período, o árbitro poderia então fazer prova para a categoria nacional, o que abriria possibilidades para participar de campeonatos além do âmbito estadual. Ou seja, a quantidade de jogos apitados e o tempo na profissão eram fatores expressivos para sua progressão.

Alguns árbitros, porém encurtam caminho. A depender da Federação, é possível que um ano após o curso o árbitro já atinja a categoria nacional. Temo por essa aceleração da progressão, pois a falta de experiência do árbitro até atingir este nível pode trazer prejuízos nos futuro. Nos Estados em que os jogos equilibrados são uma raridade, podemos questionar em que condições estes árbitros estão se preparando para campeonatos mais abrangentes.

Um outro aspecto que merece atenção é a motivação para seguir na carreira. A maioria dos árbitros internacionais cadastrados na CBB atualmente é das regiões sul e sudeste. Portanto, parece que a chance de um árbitro de Sergipe, Rondônia, Tocantins ou Mato Grosso do Sul, por exemplo, alcançar o nível internacional é relativamente pequena. Por isso, a progressão nestes e em outros Estados deveria ser mais lenta, evitando que os árbitros chegassem ao topo da carreira precocemente. Somos motivados pela possibilidade de crescer, mas se fica estabelecida esta inviabilidade, a tendência à estagnação pode fazer emergir a síndrome de burn out no árbitro e seu rendimento ficará comprometido.

O basquete brasileiro precisa cuidar de seus árbitros!

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