Creio que muitas vezes os professores
da iniciação esportiva e técnicos não dão o adequado ênfase ao ensino das
regras aos alunos e atletas. Penso que não apenas se ensinar e debater as
regras, mas também deveriam ser criadas simulações realísticas que permitissem
os atletas vivenciar o maior número possível de situações nas quais o
conhecimento correto das regras influenciariam sobremaneira a tomada de decisão
do jogador e do técnico.
Eu dirigia um time sub-15 no Rio de
Janeiro e vencíamos uma partida por apertados 5 pontos de diferença nos
instantes finais do jogo, quando o adversário saiu em contrataque e acertou um
arremesso de 3 pontos. Nosso armador, dotado de uma síntese de raciocínio
impressionante, foi buscar a bola para repor em jogo. Quando pegou a bola, ele
olhou para o placar que mostrava faltarem 4 segundos para terminar a partida.
Então, ele ficou segurando a bola e olhando para o cronômetro...3...2...1...acabou!
Naquela época (1997), o tempo não era interrompido após a cesta nos 2 minutos
finais do jogo. Como ele tinha 5 segundos para repor a bola, ele simplesmente
não fez o passe, e vencemos aquela disputa. Na quadra, vários jogadores ficaram
pedindo que ele passasse a bola logo pois ia acabar o tempo.
Em uma outra equipe que dirigi da
mesma faixa etária, perdíamos a partida por poucos pontos e a posse de bola era
do adversário. Um atleta nosso ao tentar marcar a reposição de bola na lateral,
saiu da quadra, aproximando-se até tocar o adversário. O árbitro interrompeu o
lance e advertiu o jogador para que ele não fizesse isso. Assim que o árbitro
devolveu a bola para o adversário, nosso jogador repetiu a mesma ação. Dessa
vez, o árbitro não advertiu, e sim, aplicou-lhe uma falta técnica. Por que o
jogador fez isso? A regra vigente na época determinava que quando uma falta
técnica fosse aplicada a um jogador na quadra, a penalidade seria apenas a
cobrança de dois lances livres (hoje, além dos arremessos há a posse de bola). Ele
contava com a possibilidade do erro nos lances livres, seguido de rebote
defensivo, retomando a posse de bola. Não foi uma atitude de fair play, mas um uso inteligente da
regra.
Na NBA, durante as finais da
Conferência Leste, o armador Rajon Rondo, do Boston Celtics, tinha direito a
uma reposição de bola no fundo da quadra de ataque, faltando apenas 0,9
segundos de posse de bola. Dwane Wade, do Miami Heat estava a sua frente para
atrapalhar tanto sua visão como suas opções de passe. Foi aí que Rondo ao invés
de passar a bola par algum companheiro de time, limitou-se a fazer um passe
baixo, contando com o salto do adversário. Neste momento, a bola tocou
diretamente a perna de Wade, o que, pelas regras da NBA, interrompeu a jogada e
deu nova posse de bola de 14 segundos ao Celtics. Era um lance provavelmente
perdido em função do mínimo intervalo de tempo para se fazer uma jogada. Mas, o
conhecimento de regra permitiu mais uma vez que a equipe ganhasse segundos suficientes
para organizar suas ações ofensivas.
Existem certamente muitos outros
exemplos de como fazer um uso inteligente da regra, ou ao menos evitar se
prejudicar pelo desconhecimento da mesma. Entretanto, o treinador deve buscar
nos treinos apresentar situações em que os atletas precisem tomar decisões
levando em consideração as regras atualizadas do basquetebol.
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