quinta-feira, 22 de novembro de 2012

E Quando a Estrela Não Brilha?


Talvez com uma ou outra exceção, todas as equipes têm em seus elencos um ou dois jogadores considerados como as “estrelas” do time. São jogadores em quem o restante do time possui uma confiança tão grande que naqueles momentos de baixo desempenho geral e perda de controle emocional na partida a melhor opção é sempre passar a bola para eles. As chamadas estrelas agem como o porto seguro da equipe dentro da quadra. Apesar disso, sua principal característica não é necessariamente a liderança, mas sim a sua autoconfiança. São os jogadores cuja probabilidade de erro nos momentos decisivos é menor do que quando se compara com os demais companheiros de time. E tudo isso ocorre independentemente de faixa etária, gênero, e nível técnico das equipes. Sempre alguém joga melhor ou tem mais autoconfiança do que os outros dentro de uma equipe esportiva. O problema é “quando a estrela não brilha”, o que fazer?

Essa talvez seja uma das mais difíceis tomadas de decisão do técnico. Seu principal jogador não se encontra em um dia favorável, mas ao mesmo tempo, é o cara em quem todos confiam. Será que nestas condições é ele quem deve tentar a última cesta? E este arremesso final pode ser feito de qualquer maneira, mesmo desequilibrado, como se ele obtivesse uma espécie de “licença poética” para tentar o que quiser na quadra? Não existe uma ciência exata para se determinar o que fazer. Seja qual for a decisão do técnico, provavelmente ele será criticado se perder o jogo, e elogiado se vencer. É como dizem: “prognósticos, só no fim do jogo!”.

Essa situação surgiu ontem no jogo da NBA entre Oklahoma City Thunder e Los Angeles Clippers. O armador dos Clippers e seu principal jogador e líder, Chris Paul, fez possivelmente uma de suas piores apresentações em quadra na carreira. Seu aproveitamento nos arremessos de quadra não atingiu nem os 15% (2 acertos em 14 tentativas), além de 4 perdas de bola. Ainda assim, nos momentos finais da partida, foi dele a responsabilidade de buscar a vitória. Observem no vídeo abaixo que havia uma opção viável de passe (Matt Barnes na diagonal direita), mas Chris Paul optou pela jogada individual e fez o arremesso em total desequilíbrio corporal (giro e fade away) e desperdiçou a chance de vitória na casa do adversário. É bom ressaltar que qualquer cesta (de um, dois ou três pontos) definiria a partida em favor dos Clippers.







Um jogador amadurecido deve ter discernimento e sensibilidade suficientes para perceber qual é de fato a melhor opção tática a ser executada. Há uma linha tênue que separa os heróis dos vilões. Ao técnico, cabe da mesma forma decidir e orientar o plano de jogo que conduza a equipe ao êxito, sem transferir a responsabilidade a terceiros.

E se você fosse o técnico, o que faria?

7 comentários:

  1. Assisti esta partida ontem. Um dos melhores jogos até aqui entre duas das melhores equipes da Conferência Oeste. Realmente Chris Paul não estava jogando o basquetebol que nos acostumamos a vê-lo jogar em quadra. Acho que em momentos como esse o atleta deve ter bom senso e aceitar que não está num bom dia principalmente para arremessar a última bola. O time tinha toda a tranquilidade de um ataque de 18 segundos (se não me engano) podendo trabalhar uma jogada coletivamente e tentar uma infiltração ou jogar com um pivô mais próximo do aro, pois a probabilidade de uma cesta ou falta (que levaria a lances livres) seria bem maior do que fazer um arremesso no estouro do cronômetro de forma desequilibrada como fez o Chris Paul. Creio esta deveria ter sido a postura da equipe neste momento. Mas já é de praxe que nestes momentos de bola decisiva a 'estrela' do time pegue a bola enquanto todos os outros abrem caminho e esperam que ele acerte aquela bola milagrosa, mas nem sempre as coisas saem como escrito no roteiro. Assim é o esporte.

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    1. Olá Eledilson!

      Obrigado pela visita ao É Cesta!

      Não gosto das opções táticas dos times da NBA em relação ao "isolamento". Veja que no vídeo isso aconteceu novamente, mesmo para um jogador que estava abaixo de seu desempenho normal. Por outro lado, se ele passasse a bola para outro definir o ataque, alguns críticos talvez diriam que ele se escondeu do jogo ou fugiu da responsabilidade. Uma pena pensarem isso. Vide LeBron James no Cleveland Cavaliers e na primeira temporada no Miami Heat. O Chicago Bulls foi campeão algumas vezes sem necessariamente Michael Jordan fazer a última cesta. Enfim, é como eles jogam. O que não quer dizer vá funcionar por aqui.

      Forte abraço

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  2. É difícil meu véio, uma conversa ao pé do ouvido com certeza, uma cobrança como exemplo perante o grupo com certeza. Só que esse mesmo jogador com certeza será decisivo de novo, ou precisarão dele e ele estará lá pronto. Eu particularmente os utilizo sempre em momentos decisivos. Um abração meu camarada.
    Lembra do comercial dos erros do M.Jordan quantos daqueles erros decisivos foram também em dias que ele esteve mal?
    Todos nos treinadores precisamos também é multiplicar a auto-confiança de nossos atletas, multiplicando "as estrelas“.

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  3. Não sou uma versada em esportes, mas ao ler sua postagem, por sinal muito bem escrita e clara, me imaginei vivendo uma situação como essa. Para ser sincera e palpiteira, eu arriscaria no melhor jogador. Você lembra do famoso pênalti perdido pelo Zico? Pois é...Riscos do esporte, riscos do treinador, riscos do atleta, riscos da vida.

    Maria da Graça

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  4. Não consegui ver o lance e pela narrativa me pareceu que não foi só uma questão de usar o melhor jogador. Além de não estar bem na partida, pareceu que a jogada não era uma boa alternativa. Mas na hora h, manda para o craque decidir. Usando o basquete como exemplo, ele poderia até não ter feito boa partida, mas na decisão, da no Jordan.

    Thiago

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  5. Quando da minha época, um basquetebol mais lento, armava-se uma jogada para o melhor decidir mesmo que estivesse mal. Um jogador menos técnico que tentasse seria crucificado. A estrela sempre tem crédito e mais audácia.

    Carlos Augusto

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  6. Meu caro profº Dr. Marcos B.

    Estando de fora, sentado na poltrona, determinadas decisões são fáceis de serem tomadas, mas no calor do jogo, placar apertado, necessidade de vitória, pressões por todos os lados, etc., o panorama muda radicalmente. Nesta discussão, acrescento alguns detalhes que fogem a nossa percepção por estarmos justamente "de fora". A primeira delas é que, qualquer alternativa que for apresentada aqui será melhor que a decisão dele de arremessar.

    Contudo, outras questões permeiam o debate, então vamos lá: Qual foi a instrução vinda do banco? Qual é a eficiência de Matt Barnes nessa situação (fim de jogo, placar apertado, posição na quadra)? A ação motora executada de Chris Paul foi a que ele planejou naquele momento ou será que ele encurtou o drible e precisou recuar? Ou ainda, será que adversário não se posicionou onde ele pensava que iria se posicionar na hora do drible?

    Bem, independentemente de todas estas possibilidades, creio que o fundamental é preparar os atletas para situações como esta. Quanto mais se trabalhar em zonas de desconforto, maior será a probabilidade de efetividade nas ações.

    Quanto a pergunta originária do debate, a resposta é: Depende... (como diria Garrincha) da personalidade do atleta, do treinamento executado, da ação de liderança situacional exercida pelo jogador, etc.

    Como não assisti a partida, não sei como foi o comportamento do atleta durante o jogo, assim alguns detalhes passam despercebidos. Por ex: Chris Paul saiu do jogo muitas vezes? nessas saídas o técnico conversou com ele? a equipe procurou favorecer seus arremessos para aumentar sua autoconfiança? ou seja, há uma quantidade de variáveis intervenientes muito grande. Por isso que o esporte é o que é.

    Um abraço

    Prof. Dr. Afrânio A. Bastos

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