Em breve
fecharemos um ciclo de 10 anos de realização de eventos esportivos de grande
porte em nossas terras. Desde 2007, quando foram celebrados os Jogos
Panamericanos e Parapanamericanos do Rio de Janeiro, recebemos a incumbência de
sediar Jogos Mundiais Militares, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos
Olímpicos e Paralímpicos. Com tanto investimento público e privado, seria
bastante natural que as críticas enfatizassem a questão do legado que fica para
a cidade- ou país-sede, e uma das dimensões debatidas é o legado esportivo. Em
relação a isso, não podemos nos limitar a pensar sobre o que fica depois dos
Jogos, mas sim sobre aquilo que é feito antes dos Jogos.
Neste sentido,
muito tem sido comentado sobre a formação dos atletas em nosso país
(independentemente de modalidade), e a preparação de nossas equipes para
disputar os não tão distantes Jogos Olímpicos de 2016. Na época da 2ª Guerra
Mundial, Winston Churchill expressava que quem falha ao se preparar, prepara-se
para falhar. Entende-se, portanto, que o planejamento é a base de tudo. Esta
etapa precisa ser alimentada pela experiência dos envolvidos e pela
interpretação dos dados coletados ao longo de anos, sempre alicerçados por um
instinto visionário e estrategista. Já debatemos aqui no blog sobre a
importância da formação de árbitros e dirigentes, que são
elementos essenciais para o desenvolvimento do esporte, mas precisamos também
nos debruçar sobre a formação dos formadores de atletas, em todos os níveis e
etapas do processo.
Mas onde devem
se formar os treinadores esportivos? Parece que a resposta é simples, mas de
fato não é. As faculdades da educação física em boa parte do país sofreram
modificações em seus currículos e projetos pedagógicos que acabaram por
desvalorizar uma formação mais específica de seus egressos, partindo para algo
mais generalista e superficial. Hoje posso afirmar que, salvo raras e louváveis
exceções, nenhum técnico esportivo é formado pura e simplesmente nos nossos
cursos. Se ao menos uma base teórica for estabelecida no âmbito da vida
acadêmica universitária, cursos complementares tornar-se-ão o caminho
obrigatório para o encerramento de sua formação. A Escola Nacional de
Treinadores de Basquetebol (ENTB) foi uma boa iniciativa. Não se iludam, pois
ela não resolverá por definitivo os problemas do nosso esporte, mas certamente
ajudará (e muito!) a darmos um passo mais consolidado nesta perspectiva.
É necessário
que haja núcleos da ENTB em cada Estado viabilizando um acesso mais estreito à
informação, com grupos de debates e apresentações de trabalhos, de modo a fazer
com que os reais problemas e dificuldades enfrentadas pelos atuais treinadores
venham à tona e que as possíveis soluções surjam com mais embasamento. A
regionalização dos problemas e das soluções deve ser respeitada para que
ninguém pense que a ideia que deu certo em São Paulo, Brasília ou Rio de
janeiro, vai funcionar perfeitamente em Sergipe, Alagoas ou Rondônia.
A formação dos
formadores de atletas precisa ser a prioridade nesta etapa do processo, se não
vamos continuar nacionalizando estrangeiros para cobrir as lacunas deixadas por
nossas próprias falhas. No entanto, duas palavrinhas têm de estar na ordem do
dia: planejamento e paciência. Pra que tudo isso dê certo, temos que esperar o
momento certo para cobrar os resultados. E convenhamos, paciência nunca foi uma
característica do esporte brasileiro...
“Se você quer
ter resultados diferentes no futuro,
tem que começar a fazer coisas diferentes
agora!”
(Paulo Emannuel da Hora Matta)
Concordo em gênero, número e grau!!!
ResponderExcluirParabéns pela abordagem do tema no seu blog só não esqueça que esse retrato não diz respeito somente ao basquete. Se você acha que a situação é preocupante nas modalidades olímpicas imagine nas Paraolimpicas!!!