quarta-feira, 9 de maio de 2012

NBA: dando tempo ao tempo

Acho muito interessante a maneira como a NBA trata seus atletas novatos e treinadores. As oportunidades de se desenvolverem com o passar do tempo são grandes. Muito embora seja um meio não apenas competitivo, mas também com fins lucrativos, pois os clubes são empresas, os investidores e donos das equipes têm a noção de que nem todos estão imediatamente prontos para suas funções, ou que precisam de tempo para que seus resultados apareçam. Tenho acompanhado os jogos da primeira rodada dos play-offs e observado que alguns jogadores que pouco atuaram ao longo da temporada têm tido sistematicamente atuações mais longas na quadra. Vamos ver o caso específico do Boston Celtics. Suas aquisições no draft, pelo menos nos últimos dois anos não apresentaram jogadores que se destacassem no elenco, mesmo sendo um time com média de idade bastante alta, o que deveria exigir um maior revezamento de atletas em quadra. O armador Avery Bradley e o pivô Greg Stiemsma não chegaram prontos para assumir suas funções, mas estão sendo preparados gradativamente para isso. No Brasil, pensamos num tempo imediato e se o atleta não rende na primeira temporada, dificilmente será mantido no elenco para a temporada seguinte (independentemente da modalidade esportiva). 

O trabalho dos treinadores também é regido pelo benefício do tempo. O contestado técnico do Miami Heat, Eric Spoelstra, um dos mais jovens a exercer o cargo na NBA, pode realizar seu trabalho passo a passo até o presente momento. Apesar das cobranças da mídia esportiva, inclusive no Brasil, Spoelstra manteve-se no comando do Heat com um percentual de 60% de vitórias (148v-98d) na primeira fase e 54,5% nos play-offs (18v-15d), ao longo das primeiras três temporadas. Muita gente não sabe, mas ele ocupa o segundo lugar no ranking no número e no percentual de vitórias na história da franquia. Além disso, ele já tem 13 anos de serviços prestados ao time como assistente técnico técnico e responsável pelo programa de desenvolvimento individual dos atletas, além de ter elaborado a base de dados das análises estatísticas da performance dos atletas. Miami Heat teve que amargar derrotas importantes, algumas delas dentro de casa, mas mesmo assim, a confiança no trabalho do treinador foi mantida. Por aqui, a lua de mel com torcida e diretoria acaba no primeiro resultado negativo. 

A NBA pensa no futuro e prepara seus treinadores e atletas para os desafios a seguir, respeitando o tempo necessário para que os resultados apareçam, mesmo no campeonato mais competitivo do mundo. Taí uma boa lição para nosso esporte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário