Fazer esporte de rendimento no
Brasil não é tarefa fácil. E não quero comentar aqui sobre estrutura, apoio
financeiro, projetos de massificação esportiva, etc. Vou falar apenas sobre como
se avalia a performance de uma equipe em uma competição, seja ela qual for. Por
exemplo, no futebol, parece haver um consenso de que o Campeonato Brasileiro é
o mais difícil do mundo. Mesmo assim, se um time termina a temporada em 5º
lugar, isso é considerado um fracasso. No Brasil, só se valoriza a medalha de
ouro, o primeiro lugar. No futebol, todo ano em dezembro, temos um time
celebrando o título máximo nacional e outros 19 em crise, precisando demitir o
treinador e fazer toda uma reformulação no elenco. Ficar entre os cinco
primeiros colocados entre 20 participantes de um campeonato tão disputado e
equilibrado como este não pode ser considerado mau resultado.
Outras modalidades também têm
competições bem niveladas por aqui. Vejamos a Liga Futsal, Superliga de Volei,
o NBB e a Liga Feminina de Basquetebol (LFB). Difícil apontar quem será o
campeão antecipadamente. Mesmo assim, ninguém quer menos do que o lugar mais
alto do pódio. Dizem que o basquetebol
brasileiro ainda possui um baixo nível técnico e que estamos distantes de
outros como a Argentina, por exemplo. Mas este ano, Brasília Uniceub e Pinheiros
disputaram finais de competições sulamericanas, com reais chances de vitória.
Como não ganharam, surge o discurso da inferioridade, do fracasso.
Muito me preocupa que
repercussões podem decorrer no caso de uma ausência de medalha olímpica do basquete
masculino em Londres 2012. Sejamos realistas: temos muitas chances de medalha,
mas nenhuma garantia. O basquetebol evoluiu muito ao redor do mundo, e as
profundas alterações geopolíticas ocorridas nos últimos 20 anos tornaram o
basquetebol ainda mais competitivo. Da extinta União Soviética vieram a Rússia
e a Lituânia. Do desmembramento da Iugoslávia surgiram simplesmente seis
potências mundiais da modalidade: Sérvia, Croácia, Bósnia Herzegovina,
Macedônia, Montenegro e Eslovênia. Além disso, temos as tradicionais Itália,
Grécia, Espanha, Argentina, Turquia, Canadá e Austrália; países que
desenvolveram muito seu nível neste mesmo período, como Alemanha, França,
Inglaterra, Irã, Porto Rico, República Dominicana, Venezuela, Uruguai, China,
Angola, Tunísia, Nigéria, Jordânia, Coreia do Sul, Nova Zelândia, etc.
O fato é que classificar para os Jogos
Olímpicos não é uma tarefa fácil. Acho inclusive injusto dizer que o Brasil
ficou 16 anos fora dos Jogos. Essa conta é um sofisma. Ora, se a competição só
acontece de 4 em 4 anos, é um tanto quanto cruel considerar na equação os anos
pertencentes ao intervalo entre os Jogos. Desta mesma forma, podemos considerar
que a Espanha, atual Campeã Olímpica está também há 4 anos sem participar. Até
o momento, nossa seleção masculina terá que enfrentar Austrália, China
Inglaterra e Espanha (e mais um país a se classificar no Pré-Olímpico Mundial).
No outro grupo temos EUA, Argentina, Tunísia, França e mais duas equipes do
Pré-Olímpico Mundial.
Bom, se o Torneio Pré-Olímpico
(Copa América) não foi fácil, imagine agora a fase olímpica? Tenho boa dose de
confiança neste grupo de jogadores brasileiros e na comissão técnica, gerenciada
pelo indiscutível Rubén Magnano, mas os adversários não vão nos entregar os
jogos de bandeja. Em minha singela opinião, seja qual for o resultado, mostramos
que estamos evoluindo, e que o desempenho dos atletas deve ser celebrado, mesmo
que a medalha não venha. Nada de entrar em crise. Já estamos entre os 12
melhores do mundo da bola laranja. Agora é só esperar para ver qual é o nosso
atual limite.
Concordo plenamente! Lembro que no último mundial, onde o Brasil perdeu da poderosa seleção Norte Americana por 1 ponto no último segundo de jogo, que o Brasil ficou em nono lugar ao perder para a Argentine em um jogo equilibradíssimo, o basquete voltou a ser questionado. Percebam que ficamos classificados com a nona força mundial em um esporte que volta a ter uma estrutura competitiva interna há 4 anos. O Brasil se gaba ser de a sexta economia no mundo, por que então não podemos nos gabar de estarmos entre as 10 forças no mundo do basquete????
ResponderExcluirPois é, Mauro, a verdade é que damos valor ao ingresso do país nos G7, G8, G20 ou G "qualquer coisa", mas temos muita dificuldade de aceitar fazer parte dos "Top 5" ou "Top 10" do basquete. Tomara que isso mude.
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