quinta-feira, 21 de junho de 2012

Nosso Solo Sagrado


Tempos atrás, quando eu iniciava minha carreira como treinador, ainda um estagiário, atuando como assistente técnico das categorias de base, me deparei com uma situação um tanto quanto peculiar. Eu trabalhava no Tijuca T.C. do Rio de Janeiro, clube que não tem em suas dependências uma única quadra de futsal (há apenas dois campos de futebol society para torneios internos ou atividades recreativas dos associados). Sendo assim, o Tijuca não tem equipes de futebol ou futsal disputando campeonatos oficiais. Nosso time de basquete sub-13 foi jogar uma partida como visitante contra o C.R. Vasco da Gama. Um dos nossos atletas era de família portuguesa, todos vascaínos no sangue. Eis que ao sair do vestiário para a quadra, este atleta aparece vestindo a camisa do vasco por baixo do uniforme do Tijuca. Aquilo me incomodou bastante apesar do técnico não ter se manifestado na ocasião, e a partir daquele momento decidi que isso precisava mudar.

Quando assumi a direção técnica das equipes sub-12 e sub-13 do clube, determinei junto aos atletas que dali em diante eles não mais torceriam para Flamengo, Vasco, Botafogo ou Fluminense depois de ultrapassarem o portão de entrada do ginásio. Assim, o uso de nenhum short, camisa, meia ou qualquer outro aparato de vestimenta seria permitido nos nossos treinos. Depois de um tempo, os atletas passaram a mostrar maior identificação com o clube, e até mesmo um certo sentimento de orgulho foi percebido. Penso que entre os primeiros aspectos a serem ensinados aos atletas iniciantes deve constar o respeito pela instituição. Esse comprometimento foi inspirador em vários outros momentos de cada jogador ao longo dos anos seguintes.

Outra coisa a se respeitar é a quadra. Nosso campo de jogo deve ser conservado por cada um de nós que utilizamos este espaço. Enquanto fui o responsável por aqueles atletas, nenhum deles entrava na quadra descalço ou de chinelos, somente de tênis apropriado para o jogo. Eu mesmo quando calçava sapato nos dias de jogo não entrava na quadra de forma alguma. Precisava também dar o exemplo, e os atletas, apesar de bastante jovens ainda, notavam isso.

Sinto pena de ver como estes hábitos parecem ser tão distantes da realidade de hoje em dia. É como um sentimento de profanação do nosso solo sagrado. 

2 comentários:

  1. Sem respeito a camisa que defende de nada vale entrar na quadra...

    Agora entendi pq Marcos ficou tão fulo quando derramei um gole de coca-cola na quadra. Heuheuheu!

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  2. Para nós amantes do basquete a quadra é um lugar sagrado....assim como a bola de basquete, que muitas vezes me revolto ao ver jogadores, técnicos ou veteranos de basquete chutando a bola. Me dói, pois para mim a bo;la de basquete praticamente tem vida e merece ser tratada com muito carinho e respeito.

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